quarta-feira, março 30, 2005

Texto by Rubem Alves

Pior que a Paixão
Rubem Alves

Quando eu era adolescente fiquei apaixonado.
Foi uma paixão furiosa que se dividiu em quatro fases distintas:
A primeira fase:
A dor da paixão solitária, não correspondida.
A segunda fase:
A felicidade incomparável ao perceber que ela também me amava.
Esse foi o início de uma felicidade acima da compreensão. Felicidade maior impossível. Uma loucura, uma loucura feliz.
Terceira fase:
Começaram os ciúmes dela.
(...)
A quarta fase:
A conclusão dilacerante: o amor do momento não vale o inferno da vida toda.
E assim, pedaço arrancado de mim, lágrimas correndo, pus fim ao namoro.
Sabia que, mais cedo ou mais tarde, eu ficaria curado. Mas naquele momento a dor era insuportável. Mesmo porque eu não queria ficar curado do amor.
Não, não era possível evitar a dor. Não é possível por fim a um grande amor sem dor.
Mas fiz bem em terminar aquele namoro, a despeito do sofrimento.
Espero que todos os que tem têm casos de amor semelhantes, consigam dizer adeus ao seu objeto de amor.
Há coisas bonitas demais na vida para se deixar de vivê-las

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